quarta-feira, 24 de junho de 2009

PERDIÇÃO

Duvidar é transpor o limiar do caos e do desespero. Um homem desprovido de certezas, hamletiano por condição, não vê regularidade e ordem na Vida; e nessa desarmonia geral que é o Universo, ele só pode experimentar um sentimento de paralisia. Irremediavelmente perdido em miríades de interrogações, seus pensamentos formam como que um labirinto, e os caminhos de sua vida, uma interminável encruzilhada por onde não sabe se guiar; seu andar é vacilante, e sua fala, timbrada pela hesitação. Nos antípodas do homem convicto, que vê harmonia em tudo e cujas certezas trazem reconforto pela familiaridade com que o coloca com relação às coisas, o homem que duvida é, onde quer que esteja, um estrangeiro que deslegitima os códigos da existência. Errante por toda parte, portador de uma constante e profunda angústia, sem uma bússola capaz de orientá-lo, ele sofre por ter caído do paraíso das verdades, e está condenado à agonia da descrença por ter se servido da dúvida, o verdadeiro pomo proibido.

Um comentário:

Bruno Tolstoi disse...

Então... ta, tem o cara que crê e o cara que duvida... mas os dois caras acham que tem q haver uma compreensão das coisas, parece que ambos tão afim de uma dimensão intelectual, ou pelo menos inteligível sei lah... e se o cara abandona querer entender? Se a dimensão do cara eh estritamente experiencial, quando questionado sobre deu o tal do Buda não falou nada...