quinta-feira, 18 de setembro de 2008

A VELHICE SOB O SIGNO DO CAPITAL

Os idosos de hoje devem invejar os de outrora. Até o nascer da sociedade moderna, burguesa, capitalista os indivíduos em idade avançada tinham uma posição significativamente mais privilegiada do que a que seus semelhantes (em termos de idade) têm na era de hegemonia do capital. Nos antigos meios sociais tradicionalistas, isto é, meios sociais que tinham como fonte de valores as tradições, os idosos eram depositários de saber e, ao mesmo tempo – já que saber e poder caminham de mãos dadas –, centros irradiadores de poder. Tida como signo de sabedoria e autoridade, sendo, por isso, tratada com dignidade e deferência, a velhice também era muito estimada e admirada. A companhia de um ancião era sempre requisitada e todos – até mesmo por se tratar de sociedades cuja principal forma de comunicação era a oralidade – se interessavam por ouvir seus relatos e narrativas. Mas com o despertar dos tempos modernos e a imposição de uma norma burguesa, a condição dos homens e mulheres de cabelos brancos e bengalas se degrada. A partir de então, eles são retirados do pedestal social e moral que ocupavam e são deslocados para uma posição diametralmente oposta. Destituídos da autoridade e do respeito que possuíam, no mundo contemporâneo, os homens envelhecidos só são dignos de indiferença, quando não de desprezo. Parece que perderam o halo especial que os distinguiam. Pois quem mais, em nossos dias, tem interesse ou paciência para ouvir seus sermões? Quem mais se curva diante de suas presenças? A reverência que a velhice inspirava antigamente, tem-se a impressão, que se transformou numa verdadeira ojeriza. Se no passado ninguém, provavelmente, se envergonhasse de dizer sua idade e, muito menos, quisesse deter a marcha inexorável dos anos, hoje nota-se um temor absurdo pelos cabelos brancos e pelas rugas, ao mesmo tempo em que se fabrica todo tipo de parafernália para promover o “rejuvenescimento”. Os chamados sinais da idade tornaram-se estigmas, e a palavra velho injúria grave. E razão dessa reviravolta toda, desse grande deslocamento na condição dos idosos - deslocamento que o próprio surgimento de uma instituição incumbida de seu recolhimento (asilo) denuncia - é que para o capital só tem valor aquilo que produz e aquilo que é novo. Não tendo mais todo aquele apego pelo que é tradicional, mesmo porque hoje as transformações se processam de modo demasiado rápido, nossa sociedade tem um apetite voraz e incessante pela novidade, apetite que só pode ser saciado por uma alta produtividade. Produzir o novo – parece que é isso o que importa em nossa época. Nessas circunstâncias, o indivíduo velho, que representa uma idade essencialmente improdutiva, não poderia ser definido por um termo melhor: inválido, ou seja, sem valor.

6 comentários:

Anônimo disse...

E ai Duardo!Realmente cara essa cultura mercadologica animalesca está castrando os sentimentos das pessoas,e as pessoas de idade mais avançada estão sendo tratadas como meros números para a" previdéncia social".acho extremamente importante refletir sobre o valor que tem os idosos na era do capital, e fazer o possivél para por essas idéias em prática.Gostei do assunto ,e até mais parceiro.Marcelo monteiro

Bruno Tolstoi disse...

Concordo.
Acrescento ainda a seguinte argumentação:
O vácuo filosófico da sociedade capitalista redunda em uma fragilidade de princípios e valores de peso lógico ou emotivo, de tal sorte que se colocado à prova da fugacidade existencial niilista ou diante da eternidade espiritual, acaba por ter sua lógica esfacelada. O contato mais próximo com a velhice nos conduz a reflexões sobre a morte, que por sua vez garante o esfacelamento da lógica acumulativa do capitalismo.

Bruno Tolstoi disse...
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
Bruno Tolstoi disse...
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
Bruno Tolstoi disse...
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
Anônimo disse...

Robson satã
e ae desgreice
filho da puta
satanais
a gent tem q se tromba